terça-feira, 22 de novembro de 2016

Populismo: ainda o rescaldo da eleição de Donald Trump

Multidão que acompanhou o corpo de Vargas na praia do Flamengo, em 1954, mostra que o apelo populista pelas reformas sociais põe em xeque as estruturas do Estado. Esse é o motivo pelo qual o assunto é tratado de forma rasteira pela imprensa e o fenômeno é demonizado pela burguesia
A radicalidade que o populismo adquiriu em alguns casos motivou uma crítica sociológica de direita que via nela mais um processo de manipulação do jogo político do que propriamente uma construção de movimentos populares, o que na minha opinião deve ser o essencial na análise. Como diz Laclau (A Razão Populista, São Paulo: Editora Três Estrelas, 2013) a instituição do sujeito político - a emergência de uma subjetividade reivindicadora que o fenômeno arregimenta em torno de suas personalidades invariavelmente carismáticas e messiânicas - carrega consigo todos os déficits da representação (e nem poderia ser diferente), mas não se caracteriza por isso, senão pela emergência de um novo polo de poder, o poder das massas. Trata-se, portanto, de um processo que escapa à racionalidade clássica da democracia liberal. O populismo não é, na convulsão social que cria ao seu redor, um fenômeno democrático, mas a democracia formal, também não o é.

A dificuldade para entender todas as dimensões desse quadro, penso eu que reside no fato de que essa emergência das massas e sua condução populista não é um patrimônio político exclusivo dos partidos esquerda, de extração marxista ou socialista. É também um capital disponível e em estoque para os partidos que concebem a multidão como instância de representação em torno de um projeto total de poder que se ergue contra as fragilidades liberais, dos privilégios, das elites corruptas... tudo mais ou menos como Donald Trump tem conseguido sintetizar, embora não se tenha certeza de que possa controlar em razão das expectativas que cria. Essa me parece ser a razão principal que traz o populismo à cena da esfera pública.

Os bons jornais e sites contra-hegemônicos têm publicado excelentes matérias sobre o assunto (algumas indicados abaixo). A melhor dessas análises parece ser a que foi postada no blog do professor Reginaldo Nasser; um texto que ele produziu em parceria com Willian Moraes Roberto, texto cuja leitura eu recomendo (disponível aqui). É uma oportunidade valiosa para acompanhar a gravidade do quadro internacional que se cria com Trump na Casa Branca, além naturalmente de seus efeitos nos próprios EUA. Mas é também uma possibilidade extraordinária que se abre para o entendimento dos efeitos disso no Brasil cuja gravidade da crise já vislumbra o surgimento de nomes que empolgam as massas justamente porque estimula nelas uma racionalidade conservadora autoritária sistematicamente alimentada por uma elite que não sabe o que fazer com o golpe que desferiu contra a Constituição.

Sugestões de leitura: * A novidade da Lava Jato. Ataque ao modo de reprodução de patrimonialismo mafioso e neocolonial (Giuseppe Rocco, IHU) * Democracia exposta (Marcos Nobre, Valor Econômico) * O Populismo na política brasileira (Francisco Weffort, 1978, Rio: Paz e Terra) * O que será da democracia com a vitória de Trump? (VE* Ante a onda de populismo nacionalista (El País) * O demagogo que capitalizou a ira (El PaísPopulismo, o "novo normal" do século XXI (VE) * Presidente Trump: nada menos que uma revolução (VE) * Eleição de Trump expressa o ressentimento racializado e de classe nos EUA. Entrevista especial com Idelber Avelar (IHU) * Decepção da classe trabalhadora branca explicaria vitória de Trump (VE) * Análise: EUA expõem novo voto contra o establishment político (VE)
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sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Metástase

Lucifer (1947), Jackson Pollock
Para Rossi, a notícia de que a União Europeia vai implementar um programa de investimentos de € 50 bilhões, alguma coisa como 5% do PIB da Comunidade, deixa vulneráveis os argumentos de que a retomada do crescimento econômico só pode ser obtida com retração de recursos públicos e políticas recessivas, tais como essas que a estupidez do ministro Meirelles insiste em adotar no Brasil. Na Europa, a  notícia representa "uma guinada da sua política econômica que já foi adiada inúmeras vezes", como lembra o El País (leia aqui) e pode simbolizar o fim da hegemonia neoliberal anti-desenvolvimentista que norteia os planos econômicos desde 2008 - hegemonia contestada sistematicamente no terreno teórico e diante das evidências do que a austeridade significou para os países que a adotaram (confira). Se isso for verdade, os governos conservadores dos países periféricos, como o Brasil, ficam isolados. A favor de Temer e de sua gangue, só o FMI e os bancos brasileiros... 

A 2a perspectiva com a qual trabalho é a da crescente animosidade que segmentos sociais distintos, organizados e inorganizados, à direita e à esquerda, vêm demonstrando em relação ao estado de desorientação política que emerge diariamente no noticiário. Posso estar enganado, mas a percepção cotidiana da crise é a de que depois do desgastante golpe que afastou Dilma Rousseff do governo criou-se um tal vácuo de poder que o cenário hoje é o de absoluto descrédito no aparato institucional. Nem as palavras de ordem dos movimentos golpistas, nem os resultados conservadores que saíram das urnas em outubro, muito menos os apelos dos movimentos sociais têm sido suficientemente consistentes para estruturar a prática política e dar a ela alguma eficácia.

Os motivos devem ser muitos, mas um - em especial - me chama a atenção: a evidência de que o grupo que governa o país (à parte o fato de que se trata de uma quadrilha) não tem projeto algum... exceto o da supressão des direitos. A PEC 55 (ex-241) é posta em dúvida até mesmo por monetaristas ortodoxos e só um legislativo de aluguel (como é o caso do Congresso brasileiro) arrisca-se a aprovar um monstrengo que vai estagnar as áreas sociais do país - em benefício dos bancos - por 20 anos. O documentário abaixo, apresentado na rede pelo blog da cidania e que corre solto na internet, mostra bem as razões desse sentimento de frustração que predomina de todo o lado e que serve de munição para a radicalização do aventureirismo golpista de extrema-direita, a exemplo do que ocorreu com invasão do plenário a câmara nesta semana (veja aqui).


A 3a e última perspectiva decorre do alargamento do raio de ação da Lava Jato. Sei lá se por trás disso - como uma teoria conspiratória admite - há uma disposição de Moro em estressar de tal forma o cenário institucional que um golpe de estado soaria como um alívio para uma parcela extraordinária da opinião pública. O que é possível imaginar é que as evidências de uma metástase de corrupção generalizada cujo foco são os interesses privados do empresariado e que se espalha pela representação política desautoriza qualquer discurso do lugar de fala da sociedade política, a começar por esse verdadeiro boneco chamado Michel Temer (como o público pode constatar no programa Roda Viva). A prisão de Sérgio Cabral, de Garotinho, as denúncias contra Jucá (o líder do governo no Senado!), o comprometimento de Eliseu Padilha nas denúncias do duto de propina para o PMDB, as tentativas (simpatizadas pelo Planalto) de anistiar o caixa dois - tudo isso (como se pode ler nas matérias abaixo) forma uma pasta que sistematicamente põe à prova os processos de argumentação que ocupam a esfera pública e fazendo aumentar a sensação de estrangulamento da cidadania

O jornal Valor Econômico fala de uma nova maioria que se formou depois do golpe contra Dilma - um eixo formado por PMDB e PSDB com vistas às eleições de 2018: "uma coalização de centro-direita" cujo maior desafio é o de manter a unidade diante da obsessão que todos seus integrantes manifestam pela rotatividade das peças do jogo político. Acho que o jornal vê essas coisas que a mídia quer a todo custo criar para ancorar o país à deriva. Olhando de perto... é possível que não sobre ninguém.

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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Indignação popular e colapso institucional ameaçam levar o país ao caos

As reformas desse ilusionista chamado Meirelles são de uma crueldade sem limites e sua obsessão em vender (penso que se trata mesmo de "vender") a PEC a empresários e autoridades do Judiciário, como todo o desprezo que tem pelas instâncias de legítima representação social, mostra bem uma sofreguidão de quem esconde alguma coisa, coisa inédita até mesmo entre quem receita remédio contra a queda de cabelo. 

Para o pior dos pecados, caiu na cabeça de todo mundo essa decisão de ontem do STF que nega aos aposentados o direito de pedir reajuste de seus auxílios em razão do tempo de contribuição que é excedente ao momento de sua aposentadoria. Para o leigo, isso pode parecer uma coisa distante e que afeta uma parcela pequena da população. Não é. O número de trabalhadores que se aposentou e que, mesmo assim, continuou trabalhando como forma de complementar sua renda é enorme e a desaposentação apresentava-se como uma efetiva garantia de que houvesse mais dinheiro ao final de de sua vida ativa. O STF cortou essa possiblidade e, com isso, colocou um ponto final na esperança de milhões. Como se isso não bastasse, vem o "governo" do alto de sua indiferença social e ameaça pedir àqueles que eventualmente já tinham conseguido o benefício o ressarcimento do que receberam (leia aqui a análise de Silvia Barbara, do Sindicato dos Professores de São Paulo e também os argumentos que levaram à decisão do STF).

Não tenho conhecimento de um único governo em toda a história brasileira - acho que nem mesmo Café Filho (alguém lembra dele?) - viveu um isolamento de uma dimensão parecida com a que Temer está vivendo. Ele e a patota que o acompanha. Sei não, vem chumbo grosso por aí...

Sugiro estas leituras: * 75% dos deputados alemães veem governo Temer como resultado de golpe e conspiração (Plantão Brasil) * Em nome e em benefício do capital, Temer comete crime contra a sociedade (antologia do blog sobre efeitos da PEC 241) * Temer ironiza protesto e sugere que ofereçam emprego aos manifestantes (Folha) * STF rejeita desaposentação e governo pode pedir ressarcimento (Estadão) * STF antecipa reforma ao barrar ações de aposentados (Folha) * O que pensa o homem por trás da reforma da previdência (Carta Maior)  * Carmen Lúcia, uma Ministra sem noção (GGN) * Lei da repatriação favorece sonegação (IHU) * FMI não vê austeridade como saída para a crise (Outras Palavras) * Pesquisa indica isolamento de Temer (do blog)
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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Rejeitado pela sociedade e chefiando um governo ilegítimo, Temer aliena a soberania nacional em favor de interesses estrangeiros

Segundo Carta Capital,


O entusiasmo do empresário com o assunto alimenta dúvidas sobre a recente venda de um campo de pré-sal pela Petrobras e sobre a intenção do governo Michel Temer de mudar a lei para que a estatal possa ser excluída de futuras operações no setor.
No fim de julho, a petroleira brasileira anunciou a venda de sua fatia de 66% do campo de Carcará, na Bacia de Santos, à Statoil, uma estatal da Noruega. Valor da transação: 2,5 bilhões de dólares, a ser liquidados até o fim deste ano ou o início de 2017
Ao selar o acordo, Petrobras também ficou livre da obrigacão de investir cerca de 8 bilhões de dólares para viabilizar o início da produção do campo, previsto para 2020. Um ganho teórico, portanto, de 10,5 bilhões do dólares. Um valor para lá de duvidoso.
Carcará, diz a Statoil, possui de 700 milhões a 1,3 bilhão de barris, sendo 66% agora pertencentes à norueguesa. Em 2020 e 2021, o barril valerá 71 dólares, conforme previsões do mais novo plano de negócios da Petrobras. O custo de extração do pré-sal, segundo Eike Batista, é de 7 dólares o barril.
Considerando tudo isso, a Statoil apossou-se de uma reserva que valerá, descontado o custo de produção, de 29 bilhões a 54 bilhões de dólares em 2020, início esperado da produção. E pagará por esta reserva 2,5 bilhões de dólares, além dos investimentos de 8 bilhões.
Outra simulação: no dia em que a venda foi anunciada, 29 de julho, o preço do barril era de 42,46 dólares. Com base nesta cotação e no cash cost no pré-sal, a fatia da Statoil em Carcará valerá entre 16 bilhões e 30 bilhões de dólares em 2020.
“Estamos adquirindo isso em termos muito competitivos”, disse na época o vice-presidente-executivo da Statoil, Tim Dodson, em entrevista à agência de notícias Bloomberg.
Seus colegas de multinacionais devem estar salivando após recente viagem do presidente Michel Temer aos Estados Unidos. Aos empresários e investidores em Nova York, ele disse que em “brevíssimo tempo” haverá mudança na lei para permitir multinacionais no pré-sal sem a Petrobras.
Uma alteração apoiada pelo presidente da companhia, Pedro Parente. Ele e Temer reuniram-se nesta terça-feira 27 no Palácio do Planalto, para discutir o novo plano de negócios da Petrobras, fechado no último dia 20.
Após a reunião, Parente defendeu os estrangeiros no pré-sal. “É importante que o País possa ter outras empresas que se interessem em fazer esses investimentos. É importante para o País que a Petrobras não seja obrigada a participar de todos os campos.”
A Statoil que o diga.
Como se vê, só mesmo um interesse escuso e deliberadamente voltado para os ganhos de empresas estrangeiras - que não têm qualquer compromisso com nossa sociedade -, é que pode admitir como "normal" a disposição dos golpistas em alienar a riqueza do pré-sal. Nesse sentido, chega a ser cínica a afirmação de Pedro Parente: "houve endeusamento do pré-sal, disse ele, ressaltando que houve uma "ideologização do problema" no passado. Agora, assegurou mentirosamente o presidente da estatal,  "vamos gerir de forma integrada, fazendo a avaliação de risco e retorno de cada campo" (leia aqui). Bobagem. Pelo menos em relação aos fatos descritos na matéria acima, o que está havendo é um estelionato em sentido invertido: a vítima - neste caso, o Brasil - mente em favor de quem a vitima - neste  caso, as empresas que passam a beneficiárias da liberalidade aprovada na Câmara.
O "governo" Temer é anti-social e anti-brasileiro e várias de suas iniciativas são tomadas como resgate de promissórias que ele deve assinado quando teve início o golpe que afastou Dilma Rousseff. É uma marca do seu DNA e ele pode fazer a acrobacia que quiser para disfarçar isso. Não vai conseguir inverter os claros resultados de rejeição popular que as pesquisas indicam.
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domingo, 25 de setembro de 2016

Cresce rejeição às mudanças impostas por Temer ao ensino médio

O cenário em que Temer patina lembra o auditório do saudoso Chacrinha, sem a competência cênica do velho guerreiro: país transforma-se num ambiente de dissolução administrativa, política, legal e moral, um pasto para interesses privados da pior espécie (ilustração: GGN)
O segundo argumento é o da origem "filosófica" da reforma. Ninguém sequer insinua discordar de que toda a educação brasileira precisa ser profundamente modificada. O aspecto sobre o qual não há qualquer unanimidade é "mudar em qual direção"? Os modelos alternativos para o que se faz hoje no país são delicados porque sua adoção apressada pode amarrar gerações inteiras a uma formação escolar descomprometida com o desenvolvimento da sociedade - e a Educação não serve para coisa alguma se não for um dos pilares do desenvolvimento da sociedade. Em razão disso, uma reforma cuja inspiração pedagógica é a instrumentalização do ensino com os objetivos meramente pragmáticos do mercado, da profissionalização, da qualificação profissional, pode produzir gerações de cidadãos impossibilitados de ter no conhecimento a sustentação da sua emancipação. 

Vale a pena, nesse sentido, ler a matéria que Luis Nassif escreveu sobre aquela que é considerada a liderança intelectual da reforma, a ex-axiliar do ministro Paulo Renato à época em que FHC governava o país: Maria Helena de Castro, hoje figura sempre presente nos gabinetes que arquitetaram a mudança que Temer quer impor agora. Para o jornalista, Maria Helena tem, para a educação, uma visão de "gestão de padaria" circunscrita a mecanismos quantitativos de avaliação cujo registro minucioso é a sua verdadeira obsessão. Qualidade na formação do aluno? Para que isso?(leia aqui A visão de padaria de Maria Helena, do MEC).

O terceiro argumento é o aponta para a maldade social que atravessa toda a reforma. Ela consagra e aprofunda um regime de segregação que marca a educação brasileira: o seu viés antidemocrático e excludente. Ao permitir que as escolas possam oferecer duas grades curriculares, a segunda delas com disciplinas opcionais escolhidas de acordo com uma suposta "vocação" profissional do estudante, ela estimula - em especial nos segmentos sociais de menor renda - um abandono da formação educacional ampla - que é o objetivo estruturante da Educação. Ao mesmo tempo, consolida o ensino das elites e da tradicional competência empoderada que dá a elas a formação tradicional. A médio prazo, caso sejam implementadas, as mudanças vão extinguir áreas inteiras do conhecimento do interesse do ensino público. Em breve, o Brasil terá dois tipos de ensino - e não dois regimes administrativos da escola: teremos a Educação Pública e a Educação Privada. Olhando de perto, é um crime.

Sobre esse último argumento, é preciso ler as reflexões de Maria Alice Setúbal, do Centro de Estudos em Pesquisa e Educação (Cenpec) publicadas pelo El País neste domingo (Plano de reforma do ensino pode aumentar desigualdades). Para Maria Alice:

A direção da flexibilidade é importante, é parte do que os jovens estão querendo, dialoga com questões contemporâneas, com diferentes opções, percursos de conhecimento. Não precisa ser igual para todo mundo. Agora, isso é uma parte. Coreia e Finlândia [países citados como referência pelo Governo para a mudança de modelo], por exemplo, estão em outro patamar. Temos que fazer essa flexibilização, mas temos de fazer com outros dados que a Medida Provisória não contempla. Exemplo: 30% dos alunos de ensino médio nas escolas públicas no Brasil estão no curso noturno e isso não é discutido. Há distorção também com alunos mais velhos ali no ensino médio e os ‘nem-nem’ (nem estudam e nem trabalham). São questões que se você não resolve junto com mudança no currículo, você cria um abismo entre alunos e escolas. Algumas escolas vão mudar seu método, mas outras vão ficar atrás. 

Aliás, o Uol deu o sinal da forma como isso vai se manifestar já no próximo ano: os consumidores dos serviços prestados pelas escolas particulares já anteciparam sua preocupação em preservar sua formação de uma inevitável depreciação da qualidade do ensino, caso a mixórdia das grades curriculares os atinja (Na rede particular, alunos têm ressalvas e temem curso "frouxo"). Como se vê, sob qualquer ângulo que esse arremedo de reforma seja visto, seus pressupostos são dramáticos e jogam o ensino médio num vazio pedagógico de forte repercussão a médio e longo prazo.

E os professores?

Ao lado dos estudantes, os professores são atores do processo educacional mais atingidos pelas mudanças anunciadas na MP. No entanto, o ofício de ensinar já vem sendo submetido ao obscurantismo geral que predomina no staff golpista: há em todo o Planalto um sentimento crescente de anti-intelectualismo, uma postura de desprezo pela cultura e pelo conhecimento maior do que nos tempos da ditadura militar. O governo que emergiu da armação que depôs Dilma tem inegavelmente uma composição rude e grosseira, arrivista e cultivadora do ódio social, avesso ao debate de ideias e à reflexão. É um governo de ignorantes. Nessa linha, não são apenas os professores das Humanidades que são vistos como suspeitos de doutrinação ideológica de cunho esquerdizante ou coisa parecida. A inteligência me qualquer área está sendo vista assim, o que inclui o professor em toda a dimensão de suas atividades.

Nesse sentido, só a intenção de se permitir a contratação de professores não diplomados já é suficiente para evidenciar o vezo estúpido da MP, pois que é uma intenção cujos efeitos no sucateamento do ensino será muito forte. Para o Prof. Ricardo Falzetta, do movimento Todos pela Educação, a intenção pode agravar o déficit de professores qualificados uma vez que - segundo ele - a competência docente não se restringe ao conhecimento de determinado assunto, mas ao seu tratamento didático como instrumento de ensino. Professores sem diploma estariam em condições de superar esse desafio? A resposta pode indicar uma ameaça direta à sobrevivência de um campo profissional inteiro.

A leitura da MP deixa claro que o país está diante de uma fraude que vai ser perpetrada sobre um dos setores de maior importância estratégia para a sociedade. O que é pior é o fato de que tenha sido esse um tema em que fica transparente a intenção de manipulá-lo na busca desesperada que o governo faz para adquirir alguma legitimidade que o sustente no poder. É a cultura política do golpe que começar a ganhar identidade em vários setores e da pior maneira possível - na Saúde, no Trabalho, nas Relações Exteriores e... na Educação.

Leia mais: * Reforma na educação não valoriza professor (Valor) * PSOL entra com ação no STF contra reforma do ensino médio (Estadão) * Muito além do currículo flexível (Carta Educação) * Como é a reforma do ensino médio e quais são as críticas a ela (Nexo) * Secretário do Rio diz que não adotará parte do plano (Uol) * Vamos usar recursos das escolas privadas (Estadão) * Reforma do ensino médio de Temer é desastrosa (GGN) * Reforma de Temer é uma fraude contra a Educação e contra a sociedade brasileira (do blog) * A reforma Alexandre Frota (do blog) * Para ministro, mudar ensino médio é tão importante quanto reforma da economia (Josias de Souza, Folha) * Professores e estudantes protestam contra a reforma (Valor).
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domingo, 18 de setembro de 2016

Quero saber quem é Temer e quem são os que o acompanham no governo golpista

Na história da República, nunca um governo acumulou tanto desrespeito e desconfiança. 
Minha sensação é a de que o país foi sequestrado...
Mas não é só isso. Os nomes que Temer levou consigo para compor a quadrilha que assumiu os ministérios são quase todos de gente suspeita de envolvimento com suborno e corrupção: Romero Jucáque se afastou rapidinho do governo e reassumiu o mandato que ocupa indignadamente no Senado depois de ter sido pego em flagrante nas gravações de Sérgio Machado quando quis acobertar a Lava Jato; Henrique Meirellesque está atrapalhadíssimo em explicar que dinheiro é aquele que recebeu  como integrante do Conselho Consultivo da J&F Holdings, proprietária da JBS, uma das empresas investigadas na Lava Jato;  José Serra deve explicações ao país inteiro por seu envolvimento nas irregularidades cometidas na licitação dos trens do metrô paulista que ficaram conhecidas como o escândalo Alstom. Aliás, foi no governo Serra em São Paulo que rolou a propina do Rodoanel envolvendo a empresa Legend Associados, do lobista Adir Assad, já condenado na Lava Jato. Perguntado a respeito pelos repórteres, o "chanceler", disfarça...

Eduardo Cunha, depois de cassado, disse que ficaria quieto e que não levaria consigo para o ralo nenhum de seus cúmplices, mas sendo quem é, já descumpriu a promessa. Matéria do Estadão de hoje (18/09) traz uma preocupante entrevista em que o articulador do golpe parlamentar relaciona o nome de Moreira Franco, um dos homens-fortes de Temer, com irregularidades com a Caixa Econômica Federal e recursos do FGTS. Segundo Cunha, "na hora em que as investigações avançarem, vai ficar muito difícil a permanência de Moreira no governo" (leia aqui). Só isso? As acusações de que o "ministro" da saúde, Ricardo Ramos, é um lobista disfarçado das operadoras privadas de Planos de Saúde deixaria Al Capone parecido com um monge tibetano (leia em Carta Capital).

Com folha corrida limpa não tem ninguém. Pessoalmente, desconfio de todos os que chegaram ao governo pelo caminho do impedimento da presidente eleita e também daqueles que, mesmo não tendo chegado ao governo, vêm obtendo vantagens com a mudança ocorrida. Considero que estamos sendo governados por uma quadrilha liderada por um sujeito de péssima reputação e entendo que a sociedade brasileira tem o direito de saber quem são esses caras... Sabendo quem são, o direito de tirá-los de onde estão.

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quinta-feira, 4 de agosto de 2016

📢 Praça Pública: vozerio do blog

Vargas



A Olimpíada como metáfora

Sociabilidade primária
El País: Rio de Janeiro recebeu um reforço de 88.000 agentes para garantir a realização dos Jogos Olímpicos, o maior esquema de segurança da história do Brasil. Turistas, torcedores e membros das comitivas esportivas podem circular com certa tranquilidade pelas ruas da Zona Sul, que inclusive passaram por um processo de expulsão dos sem teto na Operação Caça-Tralha. Ainda assim, alguns episódios isolados de violência foram registrados, sendo os mais graves as mortes do soldado da Força Nacional, Hélio Andrade, atingido por uma bala ao entrar por engano no Complexo da Maré, e do técnico da equipe alemã de canoagem, Stefan Henze, em decorrência de um acidente de carro na Barra da Tijuca (leia a matéria integral)


"Estou esperançoso, o impeachment é um fato novo; o Brasil tem uma nova chance"

Abílio Diniz: o golpe que disfarça o
moderno
EstadãoÀs vésperas da aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o empresário Abilio Diniz, ex-dono do Grupo Pão de Açúcar (GPA), e hoje terceiro maior acionista do Carrefour global, diz estar esperançoso com as mudanças que estão por vir. Abilio diz que foi próximo dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, mas que agora o País está diante de um “fato novo”. Para o empresário, o Brasil tem de passar por uma ampla reforma – que inclui cortes nos gastos públicos, revisão tributária, política e da Previdência. E defende abertamente um assunto espinhoso: aumento dos impostos. “Se a atividade econômica cresce, aumenta a receita. Enquanto não cresce, tem de aumentar o imposto. E é aí que vão dizer: De jeito nenhum! Não podem aumentar imposto. Isso é contra o País, é hipocrisia”, diz o dono da Península, gestora de investimentos com cerca de R$ 10 bilhões em ativos, incluindo participações na gigante de alimentos BRF (dona da Sadia e Perdigão); Anima Educação e outros negócios. A volta da CPMF e o fim da guerra fiscal entre os Estados estão entre as bandeiras de Abilio (a seguir, os principais trechos da entrevista).


A conspiração dos corruptos: 

Comissão discute afrouxar anticorrupção (Estadão) ★ A anistia da Lava Jato (Maria Cristina Fernandes, via Mídia Ninja) ★ Delação de Marcelo Odebrecht compromete Temer, Skaf e Padilha: matérias do Estadão e da Folha.


A invisibilidade negra na cidade olímpica

Mídia Ninja: Como Elza Soares anuncia em sua canção, a carne mais barata do mercado é a carne negra. Tivemos quase duas décadas de avanços sociais reconhecidos mundialmente, que serviram de exemplo para muitos países adotarem políticas progressistas e de valorização humana. O Brasil diminuiu a sua extrema pobreza de 25% em 1990 para 3,5% em 2012, mas esses avanços foram interrompidos pelo golpe socio-político-judiciário-midiático pelo qual estamos passando.

O sangue que escorre é preto. E preta é a maioria da população brasileira. A cor que começava a mudar o seu papel na sociedade, novamente marca as mãos da polícia e mancha as calçadas e capas de jornais. O atual governo golpista, apesar de informar que não haveria cortes nos programas sociais como o Bolsa Família, que foi crucial para o crescimento inclusivo do país segundo relatório da ONU de 2015, está em processo de desmonte das políticas públicas inclusivas, mas há resistência. Negros, mulheres, ativistas, movimentos sociais e cultura se levantam contra o golpe nas mais diversas formas (continue a leitura)


Senador diz ter poder de nomear até melancia

Senador Hélio José não esconde:  é
um picareta.
Assista ao vídeo que registra sua prepotência
Blog do JosiasÀs vésperas do julgamento de Dilma Rousseff, o Diário Oficial da União tornou-se um território fértil para os senadores que se dispõem a votar a favor do impeachment. O senador Hélio José (PMDB-DF), por exemplo, acomodou no comando da Superintendência do Patrimônio da União do Distrito Federal, órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, um assessor chamado Francisco Nilo Júnior. Os servidores do órgão não gostaram. Abespinhado, o senador foi à repartição na última terça-feria (2). E avisou aos descontentes: “Isso aqui é nosso. Isso aqui eu ponho quem eu quiser aqui. A melancia que eu quiser aqui eu vou colocar!”

Por mal dos pecados, um dos servidores presentes à reunião gravou a manifestação do senador. O áudio ganhou a internet. Quem ouve fica com a impressão de que o orador instalou uma porteira na entrada da SPU, responsável pela administração dos imóveis e das terras da União no Distrito Federal. A certa altura, o orador explica que plantou Francisco Nilo na SPU porque “ele tem lado.” Deixou claro que sua melancia é fiel: “O lado dele é o senador Hélio José, que é o responsável pela SPU a partir de hoje. A partir de hoje, a SPU é responsabilidade minha, do senador Hélio José, gabinete 19, da [ala] Teotônio Vilela (leia a íntegra da postagem de Josias de Souza no Uolhttp://tv.uol/14vnP


PT perde o rumo da representação política e amarga isolamento fatal para sua sobrevivência

Esvaziamento ideológico do PT
se aprofunda 
Estadão: As correntes de esquerda do PT aproveitaram a reunião da Executiva Nacional do partido desta quinta-feira, 4, em São Paulo para abrir o debate interno sobre como a legenda deve se posicionar em um governo Michel Temer depois de uma eventual aprovação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. A Mensagem, segunda maior força do PT, fala em risco de “ruptura da unidade” partidária. 

O foco da Executiva foi a preparação para as eleições municipais – Dilma ficou em segundo plano, mas a esquerda petista fez circular dois textos que devem pautar a próxima reunião partidária. Em um deles, Carlos Árabe, secretário nacional de Formação, e Liliane Oliveira, integrante da Mensagem, disseram que a aproximação de petistas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) – um “golpista”, segundo eles –, pode levar a uma ruptura no partido (leia a matéria inteira)


Pokemon Go altera a rotina em São Paulo

O Estado de Minas: Nem comida gourmet nem ciclovia. O que os paulistanos realmente querem na Avenida Paulista, nos últimos dias, é jogar Pokémon Go. O aplicativo dos monstrinhos virtuais, que chegou ao Brasil na última quarta-feira, 3, dominou os smartphones e transformou os transeuntes de São Paulo em verdadeiros zumbis, assim como nos quase 60 países onde o game está disponível no mundo.

Embora o desenho seja voltado para crianças, Pokémon Go não tem restrição de idade. O analista de sistema Marcos Alexandre, 34 anos, comemorava em voz alta com os amigos a captura de um “Pidgey”, um dos monstrinhos do jogo. “Alguém vai acabar sendo atropelado nessa brincadeira”, disse, enquanto atravessava a rua. Do outro lado da rua estava a arquiteta Denise Córdoba, 38 anos, que trouxe dois filhos pequenos para jogar. Jonatas, 11 anos, e Felipe, 6 anos, não tiravam os olhos do celular. “Não pude levá-los para a escola hoje, então os trouxe para brincar”, disse a mãe (leia a matéria inteira)


Não dá mais pra o comitê da Rio-2016 fugir das explicações

A figura de Temer piora tudo
Folha"Me salva aqui". Foi esse o pedido do diretor-geral do comitê organizador da Rio-2016, Sidney Levy, ao chefe de comunicação da entidade quando se viu diante de jornalistas que queriam explicações sobre as críticas à organização do evento.

Não eram da delegação da Austrália. Quem havia soltado o verbo eram os cartolas do COI (Comitê Olímpico Internacional). Problemas com trânsito, segurança, decoração e sinalização das instalações e finanças estão entre os setores considerados mais preocupantes.

Um dirigente citou atletas esperando em longas filas. Esbravejou contra o trânsito e fez críticas à segurança (continue a leitura na coluna de Mariana Majolo)


Donald Trump: retrato de un (presunto) sociopata

Jot Down: En 1979, Stephen King publicó la novela La zona muerta. En ella, un tipo llamado Johnny Smith despertaba de un grave accidente de coche después de cinco años en coma y descubría que era capaz de predecir el futuro a través del contacto, ya fuera tocando un objeto o a una persona. Ese don (o maldición, según se mire) llegaba a su cenit cuando estrechando la mano de un político en un mitin descubría que este no iba solo a llegar a presidente de los Estados Unidos, sino que iba a iniciar la tercera guerra mundial. 

Es imposible no pensar en el relato (convertido más tarde en —magnífica— película por David Cronenberg) al leer el terrorífico artículo de la periodista del New Yorker, Jane Mayer, sobre el escritor Tony Schwartz. Schwartz es conocido, principalmente, por ser el auténtico autor de The art of deal, el superventas de Donald Trump donde este decía (entre otras cosas) que estrechar la mano de alguien era sumamente peligroso por los virus y bacterias que podían transmitirse, y que por eso se abstenía de hacerlo. Schwartz afirma en el artículo que no tiene ninguna duda de que si Trump gana las elecciones y se hace con la presidencia de los Estados Unidos «lanzará los misiles nucleares a la primera oportunidad que se le conceda» (continue e leitura do texto original)


Brasil chega à Olimpíada sem cara

Lembram?
El País: O mais fascinante desta Olimpíada no Rio é a negação de uma ideia de Brasil. É a impossibilidade de apresentar um imaginário coeso sobre o país para fora – e também para dentro. É a total impossibilidade de conciliação. Esta é a potência do momento – confundida às vezes com fracasso, com estagnação ou mesmo com impotência. O Brasilchega à Olimpíada sem que se possa dizer o que o Brasil é.

Para que isso se torne mais claro, é preciso voltar ao ano de 2009, ao momento em que o Brasil foi escolhido para sediar a Olimpíada de 2016. Há vários vídeos sobre o discurso de Lula após o anúncio. Não o discurso oficial, mas o discurso do então presidente feito para as câmeras de TV. Aquele que é espetáculo dentro do espetáculo. Particularmente, prefiro o da Globo (assista aqui), pelo que esta rede de comunicação representa na história recente do país, e pela linguagem que escolhe ao contrapor a fala de Lula com a reação dos apresentadores e comentaristas. Quando se pensa que essa “conciliação” foi possível apenas sete anos atrás, tudo fica ainda mais interessante (continue a leitura do texto de Eliane Brum)

MBL - Movimento Brasil Livre e junho de 2013. Uma franquia americana que depois do impeachment está presente no Escola sem Partido.

Foto: Daniel Queiroz/ND

IHU: “Não acho que o MBL ocupou um espaço vazio. Acho que ele criou seu espaço de forma planejada e patrocinada por essa direita representada nas fundações americanas”, diz Marina Amaral à IHU On-Line, ao analisar rapidamente os desdobramentos das manifestações que iniciaram em 2013contra o aumento da passagem e que culminaram, posteriormente, em uma série de manifestações difusas por todo o país.

Na avaliação dela, que vem acompanhando jornalisticamente as manifestações que têm ocorrido no país desde 2013 até este ano, o protesto que ficou conhecido com a frase de ordem “não é por 20 centavos” “foi incorporado e ressignificado pela direita naquele momento” inicial, e tem sido representado peloMovimento Brasil Livre – MBL, que tem como principal expoente Kim Kataguiri. Segundo ela, o MBL “não tem base, foi criado de baixo para cima, e não por acaso agrada justamente àqueles que nunca militaram politicamente” (leia aqui a íntegra da entrevista de Marina Amaral)

Um pequeno jornal se faz com manchetes deste tipo

Pensei que o pior jornal do mundo
fosse a
Gazeta de Galápagos
O editor do jornal Diário de S. Paulo não deve ter a menor ideia do que faz, a julgar pela incorreção (e, o que é pior, insensibilidade) da manchete que esse panfleto do reacionarismo político paulista deu na 6a feira, 29 de julho. Os ingênuos, sempre apressados em oferecer alguma justificativa que nos deixe mais serenos com a crise das narrativas, certamente dirão que o equívoco do texto é resultado da correria do fechamento a edição. Bobagem e má fé, pois também nas páginas internas, como se pode ver aqui, o mau gosto se repetiu, agora com a assinatura da pobre repórter que certamente não tem ideia do significado das palavras "atrativos" e "vantagens".

Não tenho certeza de que estamos vivendo uma crise no jornalismo que justifique isso. O jornalismo é que continua saboreando um profundo vazio intelectual em que vive - condição que o torna uma presa do declínio da esfera pública.


Exonerações na Cultura põem em risco programas de livros e leitura

Biblioteca de Manguinhos corre o
risco de desaparecer por vingança
de pequeno Temer

Outras Palavras: Com uma extensa lista de exonerações de cargos comissionados no MinC, o Diário Oficial da União (DOU) publicou hoje, 26/7, a exoneração dos Coordenadores Gerais de Literatura e Economia do Livro (Lucília Helena Craveiro Soares) e de Leitura (José Roberto Silva) da Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas do MinC (DLLLB). As duas exonerações de hoje finalizam o desmonte da Diretoria, que já se encontra sem Diretor desde maio com a saída de Volnei Canonica e sem a Coordenadora Geral do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), Veridiana Negrini, exonerada em 1/7. O Diretor e as três Coordenadorias Gerais compõem a estrutura de comando da Diretoria e são os cargos responsáveis pelos programas do setor no MinC.

Juntamente com a exoneração dos coordenadores gerais anunciada para esta terça-feira foram igualmente exoneradas duas importantes funcionárias da DLLLB (Ana Lúcia Ferreira de Castro e Célia Jeane dos Santos), que acompanham os trabalhos da diretoria praticamente desde seu surgimento em 2008 e dão suporte ao seu bom funcionamento. Com essas exonerações a Diretoria está totalmente acéfala e se desconhecem nomes que irão substituí-los. Soma-se às exonerações a informação de que haverá a transferência da DLLLB da Secretaria Executiva para a Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC), que hoje é comandada pela Senhora Renata Bittencourt. Percebam que a SCDC não tem nenhuma ligação imediata com o livro, a leitura, a literatura e as bibliotecas e igualmente nenhuma tradição de trabalho com a área do livro e leitura no âmbito do MinC (leia a íntegra da matéria de José Castilho Marques Neto).

Incansável, Miles Davis morreu puto da vida



Miles Davis murió furioso, enfrentado al mundo. Le habían ingresado en un hospital de Santa Mónica (California), donde los médicos diagnosticaron una neumonía bronquial. Quisieron intubarle; rabioso, se revolvió y en ese momento sufrió un infarto que le dejó en coma. El 28 de septiembre de 1991 desconectaron el respirador que le mantenía con vida.Tenía 65 años y muchos planes: dejar las giras, profundizar en los nuevos modos de producción, tal vez concretar la cacareada colaboración con Prince, pintar más de aquellos cuadros en la onda Basquiat que amigos y coleccionistas le quitaban de las manos. Se había castigado mucho pero en el planeta jazz era inimaginable un futuro sin Miles, sin el gran agitador (leia a íntegra da matéria em espanhol)

Ocupar e resistir, até a moradia com dignidade existir

Mídia Ninja: Nesta segunda-feira ocorreu na Câmara de Vereadores da cidade uma audiência pública sobre o Plano Diretor, com a presença de representantes dos movimentos de luta por moradia e da Prefeitura da cidade. O Movimento de Lutas de Bairros, Vilas e Favelas (MLB) foi representado por Leonardo Péricles na mesa de discussões para levar as pautas do Movimento e exigir condições dignas de moradia para as ocupações da cidade e bairros mais pobres (continue a leitura).


Eleonora de Lucena: elite deu um tiro no próprio pé com o golpe


Brasil 247: "Editora da Folha entre 2000 e 2010, a jornalista Eleonora de Lucena publica um importante artigo nesta terça-feira, em que denuncia como as elites brasileiras foram míopes ao apoiar o golpe de 2016, que levou o vice Michel Temer ao poder provisório; "A elite brasileira está dando um tiro no pé. Embarca na canoa do retrocesso social, dá as mãos a grupos fossilizados de oligarquias regionais, submete-se a interesses externos, abandona qualquer esboço de projeto para o país", diz ela; "O impeachment trouxe a galope e sem filtro a velha pauta ultraconservadora e entreguista, perseguida nos anos FHC e derrotada nas últimas quatro eleições. Com instituições esfarrapadas, o Brasil está à beira do abismo. O empresariado parece não perceber que a destruição do país é prejudicial a ele mesmo"; ou seja: para destruir o PT, o Brasil decidiu se autodestruir" (continue a leitura)

Qual é o maior calote da história do Brasil?

Jorge Queiroz de Moraes
(empreendedor emérito e safado)
Exame: "O empresário Jorge Queiroz de Moraes, dono do grupo de energia elétrica Rede, detém dois feitos notáveis em sua trajetória empresarial. Primeiro, transformou uma combalida distribuidora de energia fundada por seu avô em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, em um dos maiores grupos energéticos do país, que chegou a faturar 8 bilhões de reais e a atender 5 milhões de consumidores em 2011. Na esteira do crescimento, Queiroz acumulou um patrimônio avaliado em 500 milhões de reais — e um padrão de vida condizente com todo esse dinheiro. Todos os dias, fazia num helicóptero Bell Jet o trajeto entre a fazenda Boa Esperança, em Bragança Paulista, onde morava com a mulher, Regina, e seis de seus oito filhos, e a sede da companhia, na avenida Paulista" (leia aqui a matéria inteira da repórter Tatiana Bautzer).


Ps: tenho minhas dúvidas sobre o "privilégio" que a revista dá a esse picareta Jorge Queiroz de Moraes colocando-o como o maior caloteiro da nossa história. A própria Exame diz que o maior calote é o da empresa OI... (leia aqui) mas e o diretor da Fiesp que acumula uma dívida fiscal de R$ 7 bilhões com o Estado brasileiro? Não participam da prova os bancos e os sistemáticos calotes das correções monetárias dos planos da era Color e Sarney? E as contas do FGTS que se perderam na migração das contas dos bancos privados para a CEF? Nosso empresariado tem como características principais o parasitismo e a sistemática disposição em ferir direitos dos trabalhadores; agora acrescenta à sua cultura a virtude do roubo.


Temer morre de medo

Alguém dúvida sobre as más intenções
desses dois?
GGN: Michel Temer anda apavorado com a possibilidade de que Eduardo Cunha tenha gravado o conteúdo do que teria sido dito entre os dois em conversas reservadas que manteve com o quase ex-deputado no Palácio Jaburu, sede da vice-presidência: "A suspeita de Temer surgiu em um encontro recente com Cunha", que teria "encaminhado a conversa de modo estranho, ao 'lembrar' o interino de certas parcerias deles no passado. Histórias pouco republicanas, presumivelmente. Ao sentir que poderia cair numa arapuca, o presidente em exercício teria reagido aos gritos com Cunha, no relato de uma pessoa ligada a Temer. (leia aqui a íntegra da matéria de André Barrocal).


Campanha eleitoral no Rio: "matar quem atrapalha"

Terra de ninguém
(clique no mapa para ampliar)
El País: "Uma ligação, dez dias atrás, fez tremer o deputado estadual Deodalto José Ferreira: “Ou você para, ou sua família vai pagar as consequências. E vai ser onde você joga bola ou no Parque São José”. Desde então, o pré-candidato a prefeito pelo DEM em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, região metropolitana do Rio, desistiu até de ir na feira. Hoje fica grudado em um segurança e passou a viajar em carro blindado.
 — Você está com medo?
— Com certeza, muito.

"O motivo da ameaça, diz o deputado, é que ele começa a despontar nas pesquisas e a incomodar os adversários, mas há mais: matar na Baixada é muito fácil e uma onda de execuções injetou o medo nos políticos da região. Desde novembro, nove pré-candidatos e vereadores da região foram executados a tiros. Muitos tiros e alguns em plena luz do dia. 

"Nem todos os crimes têm relação, nem foram necessariamente motivados por disputas políticas – há um crime passional e uma briga de trânsito –, mas a brutalidade dos assassinatos escancarou os perigosos e aceitos vínculos entre o crime – milícias, tráfico e grupos de extermínio – e a política local" (leia a matéria integral de María Martín)


Escola sem Partido é ilegal

Débora Duprat: luz sobre o
obscurantismo
Estadão: Para Ministério Público Federal, projeto Escola sem Partido é inconstitucional. Segundo a procuradora Débora Duprat, "ao defender uma suposta 'neutralidade política, ideológica e religiosa', a proposta confunde a educação escolar 'com aquela fornecida pelos pais', misturando espaço público com privado, além de negar a liberdade de cátedra e contrariar o princípio do Estado laico. (...) Enfim, e mais grave, o PL está na contramão dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, especialmente os de 'construir uma sociedade livre, justa e solidária" (leia aqui a íntegra da matéria de Fausto Macedo e a postagem Escola sem partido, violência irreparável contra a inteligência). 


Nos EUA, denúncia de congressistas contra o golpe no Brasil

Secretário de Estado John Kerry
vai ter que disfarçar para não
ver a safadeza de Temer e
sua facção
Carta Capital: "Nos Estados Unidos, a denúncia sobre a farsa do impeachment de Dilma Rousseff, encampada por grandes jornais como o The New York Times, ganha força agora entre parlamentares norte-americanos. Em carta destinada a John Kerry, secretário de Estado, 37 congressistas [eram 33 quando esta reportagem foi publicada] do Partido Democrata e diversas entidades sociais e sindicatos, entre eles a influente Federação Americana do Trabalho e Congresso de Organizações Industriais, pedem ao integrante do governo de Barack Obama e provável representante norte-americano nas Olimpíadas do Rio de Janeiro para lidar de forma cautelosa com as “autoridades interinas” brasileiras e de se abster de declarações ou ações passíveis de serem vistas como um apoio dos Estados Unidos à campanha contra a presidenta eleita. É previsto um crescimento do número de adesões à missiva até a segunda-feira 25" (leia aqui a íntegra da matéria de Miguel Martins)


Dívida do Brasil é a que mais cresce na América Latina

Estadão: A agência de classificação de riscos Moody's disse nesta quarta-feira, 20, que a dívida do Brasil é a que cresce mais rapidamente na América Latina. Em dez anos, a relação entre a dívida externa e o Produto Interno Bruto (PIB) do País passou de 22% em 2005 para 38% em 2015, destaca um comunicado da agência. "Apesar de ser um nível relativamente baixo dentro do contexto global, a proporção vai continuar crescendo se a economia do Brasil contrair mais", disse a Moody's no relatório, que também aponta a dívida externa do México como uma das que cresce mais rápido. A agência apontou ainda que as economias emergentes estão ficando cada vez mais vulneráveis a choques externos após uma década de aumento da dívida. No relatório, a Moody's disse esperar que o crescimento econômico global permaneça fraco no médio prazo e que os preços das commodities fiquem baixos por vários anos, o que deve afetar a receita em dólares e acumulação de reservas de países exportadores de commodities (acesse o texto integral da matéria)


O pato da Fiesp e o liberalismo tupiniquim

Carta CapitalE eis que o empresário Laodse de Abreu Duarte, diretor da Fiesp, deve para a União R$ 6,9 bilhões. A dívida é maior que a de 18 estados brasileiros, como Bahia e Pernambuco, segundo revelou a imprensa. O calote de Abreu Duarte diz muito sobre as relações econômicas do Brasil, um país onde os empresários adoram pregar o Estado mínimo, conquanto que seja mínimo para os outros, porque para os donos do poder a regra é sempre mamar nas tetas bem graúdas desse mesmo Estado. 
O discurso padrão da Fiesp e de partidos como o PSDB e o DEM é o de que o Brasil tem um governo imenso, que precisa ser enxugado, que somos um país onde se paga muitos impostos e nada se recebe de volta de um Estado ineficiente e grande (continue a leitura).


Temer recebe garantia do impeachment por Renan

GGNA inclinação de Michel Temer de deixar o Ministério do Turismo nas mãos de um apadrinhado de Renan Calheiros (PMDB-AL) tomou densidade após a reunião do presidente do Senado com o interino e o novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). É que no encontro da noite desta terça-feira (19), Renan assegurou a Temer que vai atuar para o impeachment contra Dilma Rousseff passar no Senado. De acordo com reportagem de O Globo, Renan mostrou-se "engajado" na aprovação da saída definitiva de Dilma e chegou a fazer, ao lado de Temer e Maia, uma conta dos votos já alcançados de parlamentares. Antes disso, o peemedebista evitava tocar no assunto, tentando transmitir certa isenção sobre o processo (continue a leitura).


Estrella: projeto Serra entrega o filé mignon

Brasil 247Na segunda parte de seu depoimento ao 247, o diretor aposentado da Petrobras, Guilherme Estrela, recorda o papel de Lula na criação de regras do pre-sal, inclusive a condição da Petrobras como sua operadora única, centro dos questionamentos ao  projeto de José Serra, em tramitação no Congresso. Líder da equipe que encontrou o pré-sal, Estrela diz que é justamente a posição de operadora única que pode garantir que a Petrobras se transforme numa das principais produtoras de petróleo mundiais (continue a leitura). Leia ainda: Petroleiros começam greves em defesa da Petrobras (Outras Palavras).

Advogados são impedidos de ver presos...


Por enquanto, sem os capuzes de

Guantânamo
Uol: "Advogados dos suspeitos de preparar atos terroristas afirmaram ao UOL Esporte que foram impedidos de ver seus clientes na última sexta-feira. Os acusados detidos na última quinta pela operação Hashtag por suspeita de atos terroristas estão presos em um presídio federal de segurança máxima no Mato Grosso do Sul. "A reportagem apurou que as autoridades do local não deixaram que os presos sequer assinassem as procurações que tornariam os advogados formalmente seus representantes legais. Se posse deste documento, os advogados disseram que não podem ter acesso aos autos da investigação, conhecer os motivos que levaram seus clientes a serem presos e nem entrar com um pedido de habeas corpus caso entendam que a prisão tenha sido ilegal" (leia aqui a matéria inteira de Márcio Neves e Vinicius Segalla e assista à entrevista feita pela TV Estadão com a mãe de um dos presos).

Aposentadoria privada: os sons que vêm do Chile

Exemplo do modelo neoliberal de
aposentadoria, o Chile barbarizou
a vida dos trabalhadores
Mídia Ninja: As AFP chilenas são as Administradoras dos Fundos de Pensões, que não são mais do que instituições financeiras privadas encarregadas de administrar os fundos e poupanças da previdência dos trabalhadores chilenos. Foram criadas em 1980, durante a ditadura militar de Augusto Pinochet; quem, através de um decreto de lei, reformou o sistema de previdência transformando-o num sistema de capitalização individual.Antes disso, existia um sistema de partilha que era administrado por caixas de previdência, através das quais se cotizavam os contribuintes e se entregavam as prestações correspondentes. Esse sistema foi mantido apenas para as Forças Armadas e Carabineros (Polícia Militar Chilena).

O grande escândalo é que, logo de 35 anos deste sistema "revolucionário," os grandes beneficiados não têm sido exatamente os trabalhadores, e sim as empresas administradoras. Dados da Comissão Bravo, responsável por fazer um diagnóstico do atual sistema chileno de pensões, demonstram que os primeiros trabalhadores que contribuíram desde o princípio com esse sistema, que deverão se aposentar entre os anos 2025 e 2035, não receberão, em média, mais do de 15% do valor mensal com o qual contribuiram nos últimos 10 anos.Além disso, existe uma grande diferença entre as pensões que recebem as mulheres e aquelas recebidas pelos homens, com prejuízo destas (continue a leitura).

Desafio a dois economistas

Outras Palavras: No domingo passado (17), os economistas Marcos Lisboa e Samuel Pessôa malharam, com razão, o Judas da vez: a tal da Nova Matriz Econômica (NME). Na entrevista em que criou o termo, em 2012, o então secretário de Política Econômica, Márcio Holland, enumerou os pontos de ruptura com as políticas vigentes entre 2006 e 2010: “Essa matriz combina juro baixo, taxa de câmbio competitiva e uma consolidação fiscal ‘amigável ao investimento'”, o que, junto à “intensa desoneração dos investimentos e da produção”, garantiria a retomada do crescimento. Em seu artigo, Marcos Lisboa e Samuel Pessôa elencam 12 medidas que distinguiriam os governos petistas desde 2009, após a saída do ministro Palocci da Fazenda. Para não apagar da história o caseiro Francenildo, lembremos que a saída de Palocci se deu em 2006, quando se iniciou um momento ímpar na trajetória de crescimento do país, com forte expansão do emprego e diminuição das desigualdades salariais (continue a leitura da matéria de Laura Carvalho e ainda: Dívida do Brasil é a que cresce mais rápido na América Latina, do Estadão, e O pato da Fiesp e o liberalismo tupiniquim, de Carta Capital).


Globo pede o fim da Universidade Pública para acabar com o déficit fiscal

O desvario do jornal O Globo e o cinismo com que defende causas anti-sociais e contrárias aos interesses da sociedade brasileira chegou hoje a um ponto que transita entre a bobagem e a piada. Num texto carregado de frases vazias e aparentemente escritas com o objetivo de sensibilizar o senso comum, o jornal repete a ladainha de que a universidade pública é espaço para privilegiados e o seu fim - com a introdução generalizada do ensino superior pago - seria o melhor caminho para acabar com o déficit fiscal. Vale a pena ler a íntegra desse que é certamente um documento fidedigno do caminho que as elites do impeachment traçam para o país.
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